sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Via lacta


Qual os dias que não são quentes?
Meu saco. Não consigo mantê-lo esvaziado.
Ó lua cheia.
Cabeça de dinossauro.
Hoje: escrever, banco, fotos, xerox, cartas, telefone, terça, 1º de Fevereiro de 93.
Hoje é sexta e não consigo lembrar. Ah feriado de Iemanjá.
Politicamente incorreto.
Tem gente por aí, tocando viola.
Vai “faze” o quê? Não tenho dormido tenho apagado.
Mas por volta de seis horas estou de pé com toda minha loucura.
Encontrei um pedaço de minha vida na sarjeta, outro nos botecos, outro com as mulheres, outro escutando música, outro vendo T.V, justamente com o pedaço que partiu meu coração em todos esses pedaços.
De vista, de vista. Ocorreu que não estou onde estou agora, estou fora onde queria estar, ora onde o tempo ruiu. Para tanto o que estou prestes a escrever não vem à mente. Ploc ploc, stroc dog, joicinei is the fooling de fool.
Elefantes me dão paciência. Hienas me dão contentamento. Loucuras me dão alento.
Quero dinheiro, quero trabalho, quero o que é meu de direito, quero viver sem estar mais morto do que vivo.
Primeira noite de Carnaval. Os raios caindo ao lado da cama. Tremiam as imagens na quase realidade.
Champanhe e pouca luz. Chovendo, chovendo.
Volto para Cidade Baixa e segue chovendo fora e dentro do meu pensamento.
Dizer o que? Happy Birthday ou mondays. “E o que qui é?” Onde andará?
Que figuras complicadas para ficar montando e desmontando. Disciplina, responsabilidade ver a cor da vida.
Algumas algemas nas gemas que no auge, algumas gemas ficam algemadas, auge amadas.
De cinzas e chuvas, tenho que arrumar minha habitação, eu vou deixar para manhã. Filmes legais, vida legal e vai ficar melhor. Música e trabalho com prazeres.
Escovei os dentes mijando, coloquei desodorante me penteando, atei os cordões tomando meu café, literatura para o que der e vier. O meu tempo é curto tenho que lhe “dize”. Faço tudo ao mesmo tempo porque tenho que fazer. Esta difícil encontrar as coisas, mas eu busco pra ti. Fui pra cidade natal de noite, bebendo ao clarear do dia. Cheguei de manhã. Não pratiquei esportes porque estava sem tênis. Bebi Sábado, Domingo comi churrasco e não saí. Segunda, comi um churrasco e tomei um trago com os brother’s da pirada cidade. Não tenho muita lembrança do que fiz hoje. Terça vinte e dois de Fevereiro de 93. Caminhava sem destino certo. Olhando as pessoas nas ruas analisando seus defeitos e suas qualidades. Estou descansando ou concentrando-me para a sina que tenho pela frente. Quinta-feira; não sei o que fiz. Sei que falei com minhas Black’s sisters of my hart.Viva nossa alegria! Álcool, muita dança, muitas alegrias e muitas loucuras. Na outra noite muito violão com notas no ar. Whisky, cerveja e uísque de péssima qualidade. Mulheres a beira de um ataque de nervos ou de libido. Indecifrável! No Domingo ressaca e uma volta para ver o que acontece. Quase indo pra Capital, pensei que ia hoje, mas fui amanhã. Viagem de merda, tudo fedia, criança com pais inexperientes. O que passa com a cidade da luz? Corri bastante. Música no clube do Teimoso. O que é a vida senão comer e beber enquanto o amor não chega? Carreteiro com cerveja e cachaça. Os coroas chegaram para ir pra praia, foi legal. Joguei sinuca com o Jaime e ganhei 2 a 1, não sei como. Falei com meu amor e está tudo estranho entre nós.
Não sei se terminou tudo que sentia o fato é que não me sinto mais feliz ao seu lado como antes. Segunda dia 7 de Março – Bebi para me matar, foi ruim mesmo. Fiquei mal hoje, Terça, fui melhorar somente Quarta à noite. A aula foi legal e passei na Tia Telma. Legal. Sabe o que contenta as figuras a margens de qualquer sociedade? Saber que nenhum sujeito vive sem que o sol apareça e desapareça. Além de não saber de fato o que lhe acontecerá. Aqui estamos humanos e bichanos no campeonato natural da sobrevivência. De segundo em segundo tudo o que passa fala dá sua vida e o que lhe tem que passar. Não sou o palhaço da meia noite nem o muro que precisas para descansar. Aqui e ali passamos caminhos e donde eu estou posso transpassa-los.
Escorrego nos mesmos erros e subo no mesmo podium. Se me perguntam o que faço, digo sobrevivo, ou faço milagres. E o amor o que me fala é o que é, sincero. Dia 15 de Março. Rindo, rindo, disputando gargalhadas, comendo estradas, bebendo nuvens com trovoadas. Aquilo era vida, hoje em dia só risada, minha menina diz loucuras e eu batuco com palmadas. Viagem. Saio e não volto, nem venho. Segura as lições que o senhor te disse em vida. Caminhada pelos caminhos de Deus e os animais. Seco de poeira a vida lamenta as perdas. Os ouvidos reduzem a música nas esteiras de maré e ondas. Putz viva a luz. Não recordes do que fiz, não aproximes do que sei, apanha-me com sua língua, e reduza a um só; todos os beijos que te dei.
Vi uma estrela no laranja do céu. Vi relâmpagos no anoitecer, as marés das enchentes. A lua é crescente como os olhos cheios de tesão demente. A rua sabe que me espera, os pássaros desiludidos comigo, seu aluno que quer aprender a voar. Tudo o que vi foi todo o povo a cantar músicas de seu excelentíssimo sr. Gilberto Gil.
Brasil ganhou da Argentina minha vida é uma Alegria de todas as cantinas. 29 de fevereiro Terça. Não, não estou nesta data, estou a algumas semanas adiante! Sim escuto os 60,70,80 e 90 no rádio. Atenção o estampado verde e bege do sofá, as forças dizem: _ Um anão ou mutante rei em formas de luz, sombra e contrariedade, além de tudo não dançam nesta dimensão. Não tem água na lua? Sem mancadas estrelares minha nave vai acumulada de incertezas e razões. Ah 4 horas. – Piso no freio, puxo o breque, não sei onde vou parar de tanto rir. Meu escritório? Não encontrei. Bob luba, luba, luba. O tempo passa tão claro que eu sou capaz de adivinha-lo. Alimento incapaz de nutrir o meu sentimento. Blind Bloom World. Embora não estivesse doente, as etapas do dia foram mais lentas. Toda e qualquer semelhança entre as raças é mera espécie. América, revanche! Volte pra casa que o tempo já estourou. Foi cinco pro meio dia quando acordei e saltei pra rua. Falei, olhei e almocei e a chuva desandou a cair, rápida e forte. Mulher linda. Festa louca com danças e cervejas. Fico calmo enquanto voltas. Vou voltar a escrever. Feijão e cervejas; assim passei comemorando o meu aniversário por dois dias. Fui num lugar esfumaçado escutei rock e bebi três cervejas. Era o que estava me faltando e eu fiz. Dia 14 de maio, um esforço para lembrar este dia. Sei lá o que fiz o outro dia também, mas dia 16 Segunda bebi 4 cervejas com oito damas belas. Terça-feira 24 de maio, eclipse que choveu. As estrelas estão maiores. Folhas brotam nos arvoredos consequência inescrutável. Uma moeda pelo teu pensamento. Mudei-me para uma cratera da lua, pego todos os canais de tv. Repetindo o que não vem ao caso, a tirar seu amor que desprezo. Enrolam-se fungos nos trevos, reticências. Novamente não sigo. Figos nos dentes, xoxotas em toyotas. A pedra no sonho me disse: _ O que não é vivo não existe. Então pensei, basta um olhar para nada sonhar. E o que é esta palavra a me acompanhar. Siga a seta. Domínio da linha reta. Animais na pista e o sorriso da conquista. Os olhos de Júpiter negaram tudo. As eras que flutuam seguem o seu instante. As cavernas não elegem suas taciturnas vontade. Estou atento que não faço nada do que tenho que fazer. E quando faço é tão pequeno perto do que me falta. Assim que caminha a vida. O tempo pouco espera e saí fora. Algumas vidas atendem o que imploras, e os moinhos movimentam-se conforme as águas rolam. As situações se manifestam de acordo com o tempo. Não digas que é mentira de teu simples coração? O céu de maio neste outono cadente fala algum dialecto. Largues o sol e venhas nesta nuvem com o vento. Resultas de teu nobre encantamento. O século mergulhou e está chegando ao fim. Quando o entardecer te traz a noite e teus olhos traem teus passos.



Um comentário:

  1. Este texto é a colagem de meus dias anotados na minha agenda de 93. Escrita a mão numa agendinha verde pequena de bolso. Ainda guardo todos os originais destes textos. Que vida!!!
    Caco Hamilton

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