quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Acordando com o passado

O apito da Fábrica de Bebidas me despertava, quando não eram os  Bem-te-vis que moravam no Cinamomo do outro lado da rua. Nesta hora o sol já havia subido e flutuava acima do Cerro do Caqueiro. Encarando de frente a porta da casa.  Ouvia-se também estalos de relho e cascos de cavalo ao trote nos paralelepípedos. Leiteiros ansiosos vindo dos confins dos tempos com entregas atrasadas subindo a rua Conde. O vento querendo arrancar as folhas secas da parreira centenária e todos os sons que envolviam tal batalha. As folhas secas chiando junto ao chão sendo arrastadas pelo vento. Gostava também do barulho das folhas sendo esmagadas pelos sapatos pretos escolares. Não raro meu cachorro me acompanhava algumas quadras na ida pro colégio. Os olhos lacrimejando de sono e frio, a fumaça da expiração. As mãos no bolso a pasta a tira-colo com os livros.
Os colegas que se ia encontrando pelo caminho, quase sempre com poucas falas até a batida da sineta.

Um comentário:

  1. Era bom mesmo o barulho das folhas secas ao serem amassadas com os pés...e quando o apito da fábrica era ao meio-dia, a barriga tava vazia. pela lembrança, besos

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